quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A "volta" das gaitas (ou "A gaita hoje")

Olá pessoal, aqui fiz um apanhado do algum conhecimento que tenho sobre a re-popularização e uso hoje da gaita-de-foles (especialmente da escocesa, a GHB). Nesse assunto - assim como no anterior- é possível escrever e falar sobre por períodos gigantescos, discutindo assuntos como a mescla das sociedades inglesa, escocesa, galesa, e irlandesa durante a anexação desses territórios por Inglaterra; a repressão, pobreza e migrações desses povos (em especial de Irlanda e Escócia), etc.. Enfim, serve de introdução para os curiosos. 

A re-popularização das gaitas começou no fim do século 18, com os primeiros passos do movimento Romântico. Dentro desse movimento, havia um denominado “Ossianismo”, que começou com o poeta escocês James Macpherson, cuja maior obra é uma suposta tradução de um ciclo de poemas épicos de um bardo Celta chamado Ossian. Tal obra é, mais provavelmente, um apanhado de histórias folclóricas combinadas com a imaginação de Macpherson. A obra, no entanto, surtiu um efeito enorme. A popularização da cultura gaélica da Escócia entre os círculos sociais e literários ingleses (diga-se de passagem, o kilt e outros elementos eternizados pelo cinema e outras mídias foram invenções da época) resultou na popularização da Great Highland Bagpipe (GHB) entre os militares. A Escócia havia recém sido anexada ao Reino Unido, em 1707, e os infames highlanders formaram os ainda mais famosos highland regiments, sob os quais coube a missão de difundir a cultura escocesa pelo Império Britânico. Tais regimentos adotaram a GHB e a indumentária “tradicional” gaélica e assim conquistaram o mundo britânico; é nessa época, no século 18, em que se acredita que a GHB adotou sua forma como a conhecemos hoje. Há relatos de gaitas em grandes batalhas, desde a conquista da Índia e Waterloo até a Primeira Guerra Mundial, e até hoje os militares britânicos e de países de colonização britânica são um dos grupos de entusiastas da GHB de mais expressão e popularidade. Quem nunca ouviu os Scots Guards tocando “Amazing Grace”?
            Mais recentemente, no entanto, a música celta em geral sofreu uma nova “renascença” com bandas como os The Chieftains, da Irlanda, na segunda metade do século 20. Não apenas as músicas tradicionais folk popularizaram-se, mas também novos e inovadores artistas levaram as gaitas para um patamar completamente diferente. Dentre tais nomes estão: o galego Carlos Núñez (que em ocasião referiu-se aos The Chieftains como seus professores), os bretões Dan Ar Braz e Alan Stivell, e inúmeras bandas do movimento folk metal, tais como a suíça Eluveitie e a russa Arkona. Os vídeos abaixo são dos artistas citados no texto. (todos os vídeos retirados do YouTube sem fins comerciais ou de propriedade)
"Jigs and Bulls" de Carlos Núñez. http://www.youtube.com/watch?v=C1bffYZdRm0
"Cease Fire" de Alan Stivell. http://www.youtube.com/watch?v=cQFSRfuBDhk
"Rocky Road to Dublin" interpretada pelos The Chieftains. http://www.youtube.com/watch?v=VLcC5_antg8&feature=related
"Borders of Salt" de Dan Ar Braz. http://www.youtube.com/watch?v=5J3PXoLYIF8
Também sugerimos as bandas Tuatha de Dannan (NACIONAL!!! Só não está aqui pois não utiliza gaitas como essas bandas acima), The Old Blind Dogs (Escócia), e a obra de Alan Simon (França).

Por André Roithmann
Dezembro de 2010

A origem das gaitas

Olá pessoal, aqui está um breve relato da origem (ou pelo menos do consenso) das gaitas-de-foles.
Qualquer coisa me escrevam.


As gaitas-de-foles, diferindo da cultura popular, não são Celtas de origem. As gaitas mais antigas que se tem registro vêm do próximo Oriente, entre a região da Mesopotâmia e as Bálcãs; mais especificamente, há traços de gaitas no Egito e Babilônia, para esta inclusive há uma passagem no Evangelho de Daniel (Daniel 3:5) sobre a banda do Rei Nabucodonosor II, que incluiria gaiteiros. Similarmente, achados arqueológicos, tais como murais e pergaminhos, e até mesmo possíveis componentes de gaitas primitivas, apontam que existiam gaitas no Egito Antigo também, datadas de 2000 anos antes de Cristo, aproximadamente. As gaitas, no entanto, se difundiram rapidamente; o que, em parte, nos leva a crer que são mais antigas ainda. Em 2004, na Irlanda, foram achados tubos de madeira dispostos tais como uma gaita-de-foles. Há sinais que eles estariam presos a uma outra peça, esta seria o saco de couro, que não resistiria ao tempo, pois uma datação de carbono aponta que os vestígios datam dentre 2120 e 2085 antes de Cristo.
Possível gaita-de-foles, encontrada na Irlanda e datada de 4000 anos. Site da Associação Gaita-de-Foles, Portugal.
            Outro ponto interessante é a nomenclatura da gaita-de-foles. Um dos povos que popularizaram a gaita na Europa foram os godos, oriundos de algum lugar entre o Mar Báltico e o Mar Negro. Na língua gótica, existe uma palavra usada para designar cabras, é “gaits”. Não por coincidência, o couro de cabras e similares era muito usado para a fabricação de gaitas-de-foles tanto no Oriente Médio quanto no Norte da África e Europa. Possivelmente não por coincidência, não só em português e espanhol as gaitas tem tal nome, mas também na Turquia e regiões dos Bálcãs (gaida), no Leste Europeu (gajdy ou gajde, dependendo da região), e no Norte da África, como no Marrocos e vizinhos (ghaita ou rhaita, dependendo da região).
Detalhe de pintura por Bosch. Imagem da Wikipedia.
            Durante a Idade Média e a Renascença européia, e talvez até antes disso, as gaitas-de-foles eram os instrumentos campais por excelência; tal fato é visível não apenas em manuscritos e iluminuras, mas também em quadros de mestres tais como Bosch e Ter Brugghen. No entanto, com o progresso da música erudita e dos instrumentos contemporâneos, as gaitas vagarosamente caíram no desuso, em parte por sua associação com o meio rústico rural, que batia de frente com a pompa e complexidade das orquestras modernas. Resultantemente, as gaitas viraram instrumentos fabricados exclusivamente por artesãos, às vezes nem se encaixando numa escala “comum” musical. Portanto, diferem de uma para outra de tal forma que o toque em conjunto pode ser prejudicado; embora galegos e irlandeses, em especial, tenham se organizado excepcionalmente bem nesses aspectos. Outro aspecto campestre da gaita pode ser evidenciado nos estilos musicais tocados nelas, estes variam de vagarosas e montanhesas melodias escocesas, os Piobaireachd, e os jigs irlandeses, até danças de camponeses galegos e bretões, como as foliadas e alboradas galegas.
            Para saber mais sobre a história das gaitas sugerimos:
"Bagpipes - The Story of The Bagpipe - William H. Grattan Flood - 1911." Scribd. Web. 14 Dec. 2010. http://www.scribd.com/doc/28812267/Bagpipes-The-Story-of-The-Bagpipe-William-H-Grattan-Flood-1911 - grande obra, de língua inglesa, que relata a história das gaitas (ainda não tive a chance de ler tudo).
"The Book of Daniel-3." Brit-Am Lost Ten Tribes. Web. 14 Dec. 2010. http://britam.org/Daniel/daniel3.html - detalhanda explicação sobre as gaitas na Bíblia, incluindo a morfologia das palavras antigas referente às gaitas-de-foles.
Associação Gaita-de-Foles | Portuguese Bagpipe Society. Web. 14 Dec. 2010. http://www.gaitadefoles.pt/index.html - site da Associação Portuguesa de Gaitas-de-Foles, ele inclui material sobre muitas gaitas européias e de Portugal; site muitíssimo bom, confiável e de fácil navegação.
Por André Roithmann
Dezembro de 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Musica Celta Em POA

Durante três anos fiz parte do grupo de pesquisas de musicas folcloricas tradisons, A banda suas  iniciou suas atividades em outubro de 2006 com apenas três músicos, Gerald Kunde (Alemanha), Filipe Correia (França) e Renato Velho, multinstrumentista gaúcho e coordenador do Grupo, O grupo chegou a lançar um CD de musicas celtas no final de 2009 além desse estilo pesquisas musicas, Búlgaras, Havaianas, Cubanas, Judaicas, Japonesas, etc.) utilizando-se de instrumentos comuns aos mais exóticos (violão, banjo, bandolim, flautas, metais, sanfona, harmônica, serrote, percussão típica de vários locais...) e cantando em diversos idiomas. Abaixo curtam a entrevista a rede Pampa.

http://www.youtube.com/watch?v=ZLIIR9JoJIM